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  • 6 de jun. de 2020
  • 4 min de leitura

Dr M. Mattedi

Universidade Regional de Blumenau


A passagem da COVID-19 foi uma grande experimentação para universidades. A maior parte das universidades migraram facilmente para o modelo de ensino online. Este modelo permitiu não somente manter as atividades de ensino e pesquisa ativas; mas, sobretudo, flexibilizar as formas de ensinar e aprender. Porém, a velocidade com que essa mudança se estabeleceu é, ao mesmo tempo, sem precedentes e também impressionante. Assim, a questão do aprendizado online ou mediado tecnologicamente será, inevitavelmente, politizada. Afinal, o aprendizado online traz um estigma de qualidade inferior ao aprendizado presencial.


Neste sentido, a segunda rodada pesquisa a FURB e o Distanciamento Social realizada pelo NET-dr apresenta dados interessantes. A pesquisa faz parte do ciclo produção desenvolvidas pelo NET-dr sobre os efeitos emergentes da COVID-19 em geral e do Distanciamento Social em particular. Foi realizada entre os dias 04/05 e 11/05 e foram obtidas 619 respostas. Quando se relacionam estes dados com a pesquisa realizada entre 13/04 e 18/04 é possível identificar tendências com maior nitidez. Estes dados precisam ser explorados porque informam sobre como a Dinâmica de Distanciamento Social se materializa dentro da comunidade acadêmica da FURB.


Este processo diz respeito a questão da adaptação ao modelo on-line apontada pelo Dr Spiess. Como a mudança para modalidade de aulas remotas foi abrupta e sem planejamento exigiu um alto esforço e adaptação. Esta mudança atingiu as duas pontas do processo: a) Professores: exigiu um empenho constante para a manutenção da atenção o que envolveu a mudança das estratégias pedagógicas; b) Alunos: o ajuste das rotinas domésticas e o desenvolvimento de mecanismos de disciplina. A pesquisa revela, portanto, que curva de adaptação foi curta às aulas mediadas tecnologicamente e existe grande potencial de aprendizado que deve ser aproveitado institucionalmente.


Por exemplo, a Figura 1 aponta consistência neste processo. A Figura 1 trata do processo de adaptação dos alunos as modalidades de aulas online. Neste aspecto é significativo observar que a medida que o tempo passa vai aumentando entre os alunos o grau de adaptação. Ou seja, a subida dos níveis 8 e 9 estão relacionadas a descida dos níveis 6 e 7. Portanto, assim, a relação entre as duas pesquisas indica que os alunos se encontram majoritariamente adaptados a mediação tecnológica do processo de aprendizado. Neste sentido, a questão aqui é saber porque apesar do alto grau de improviso a transição foi bem-sucedida?


Figura 1: adaptação as aulas remotas

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A explicação para este processo está relacionada a fatores gerais relativas ao crescente processo de Informatização da Sociedade. O processo de Informatização da Sociedade diz respeito as consequências desencadeadas pela disseminação da internet nas atividades cotidianas. Este processo está relacionado a queda dos preços, aumento do processamento e diminuição de tamanho dos dispositivos computacionais. O efeito combinado deste processo foi a massificação da computação na vida das pessoas. Portanto, a transição se estabeleceu sem muitos solavancos porque já existia uma Capital Técnico incubado na sociedade.


Ou seja, indica que a sociedade já estava informatizada. Dito de outra forma, acesso os serviços bancários, as compras e o consumo de produtos culturais, a mediação afetiva e o monitoramento das atividades domésticas, tudo é feito computacionalmente. Todas atividades cotidianas já vinham sendo feitas por meio de recursos online. Existia um aprendizado social latente adquirido com o crescente processo de massificação da internet e do uso das mídias sócias. Além disso, não podemos esquecer o uso intenso dos celulares nas aulas presenciais. Assim, para os Nativos Digitais a migração não significou uma mudança muito profunda.


A transição para as modalidades online é irreversível. Afinal, a rapidez da migração indica que ultrapassamos socialmente o ponto de retorno. O que está em jogo é, fundamentalmente, a forma como sito será feito. Neste sentido, impõe uma revisão radical das maneiras de oferecer as disciplinas de graduação. Trata-se de uma mudança que veio para ficar. Então é necessário se adaptar a mudança. E quem não se adaptar certamente irá desaparecer. Isto significa que a relevância social e, consequentemente, a sobrevivência institucional da FURB vai depender muito da capacidade de manter a curva de aprendizado ascendente.


Disto, porém, não se pode concluir linearmente que as aulas presenciais não têm mais importância. Afinal, apesar de altamente adaptados a mediação tecnológica do aprendizado a pesquisa NET-dr revela também que os alunos sentem muita falta das aulas presenciais. Mais precisamente, a falta das aulas presenciais subiu de 58,47% na primeira rodada, para 68,71% na segunda rodada como indica a Figura 2. A adaptação sobre junto com a falta das aulas presenciais. Quanto maior a adaptação a modalidade online, mais os alunos sentem falta das aulas presenciais. Isto indica, portanto, que a mediação direta professor-aluno continua sendo muito importante.


Figura 2: falta das aulas presenciais

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A ambivalência dos destes dados não pode nos enganar. Afinal, escondem dois fenômenos que não podem ser ignorados. O primeiro deles diz respeito ao que deve ser entender falta das aulas presenciais. Certamente, não se trata aqui do modelo tradicional de aulas presenciais, mas das interações sociais diretas que a rotina de aulas possibilita. O segundo aponta para o estabelecimento do modelo de Blended Leaning onde a maior parte dos conteúdos é transmitido em cursos a distância. O modelo hibrido não exclui, obviamente, os momentos de aprendizado presenciais, porém a maior parte das atividades de formação são feitas a distância.


Portanto, a pesquisa realizada pelo NET-dr revela que COVID-19 acelerou o futuro. Talvez melhor seria dizer que libertou a FURB do passado. Porém, as forças da desmobilização são fortes e as barreiras burocráticas grandes. Neste sentido, a transição para o ensino online nessas circunstâncias implica em tirar o máximo proveito dos recursos e possibilidades do formato. Devemos considerar a oportunidade de estabelecer formas de aprendizado distribuído no qual o instrutor, os alunos e o conteúdo sejam localizados em espaços diferentes e não centralizados. Afinal, precisamos, manter a curva de aprendizado institucional ascendente.

 
 
 
  • 4 de jun. de 2020
  • 4 min de leitura

Dr M. Mattedi

Universidade Regional de Blumenau

A Síndrome do Dedo Nervoso é diz respeito aos nossos hábitos on-line nas mídias sociais. Mais precisamente, a ânsia de compartilhar informações sem checagem. Compartilhamento aqui não diz respeito somente a replicação ativa de informações, mas também passiva através de likes. Está relacionada, principalmente, a dois processos: a) Econômico: o baixo custo financeiro do compartilhamento; b) Político: as implicações individuais são muito baixas. O efeito combinado acaba levantamento muita poeira cognitiva e provocando um Surto Infodêmico. O Surto Infodêmico dificulta a diferenciação entre Informação Crível e Informação Tóxica.


Por isto, atualmente as pessoas se tornaram insensíveis a informação sobre a COVID-19. Neste sentido, podemos identificar quatro fases principais que acompanham as Fases do Distanciamento Social. Entender esta relação é muito importante porque acabou tornando o Distanciamento Social insuportável. Afinal, foi ativado muito precocemente, porém não foi rígido o suficiente para controlar a pandemia. Assim, considerando as Fases do Distanciamento Social é possível diferenciar quatro padrões de mediação com a informação: a) Inflação Informacional; b) Acomodação Informacional; c) Fadiga Informacional; d) Saturação Informacional.


a) Inflação Informacional: troca emocional e distribuída de informações. Esta fase se caracterizou por muita incerteza sobre o processo de contaminação e também sobre quais ações tomar. Por isto, as pessoas tentam se unir para saber o que fazer. Afinal, o custo de não possuir informação é muito alto. Assim, verifica-se, por um lado, uma enorme demanda pública por informações; e, por outro, pela explosão do uso das mídias sociais (Twitter, Whatsapp, Facebook). Neste sentido, a intensa busca e troca de informações potencializa os efeitos perversos do Surto Infodêmico.


b) Acomodação Informacional: troca sistemática e centralizada de informações. Trata-se do momento que as pessoas aprenderam a conviver com a COVID-19 e internalizaram os protocolos de segurança. Neste sentido, a troca galopante de informações é substituída por um processo de customização (filtragem) da informação efetuado pelas instituições oficiais. A quantidade é substituída pela qualidade da informação. As pessoas passam a buscar informações confiáveis e de fontes sólidas. Porém, é preciso muito conhecimento prévio para entender as atualizações das informações.


c) Fadiga Informacional: troca de informações é mediada ideologicamente e se torna tóxica. O compartilhamento de informações solidárias é substituída pela disputa de narrativas da COVID-19. A COVID-19 é traduzida ideologicamente e as informações vão se tornando mais polêmicas. Neste sentido, as informações passam a ser construídas com a intenção deliberada de persuadir e impressionar os leitores. BOTs são postos em operação para tracionar o processo de circulação das informações. E as pessoas acabam acessando um bufê de informações enganosas e potencialmente perigosas.


Saturação Informacional: a troca de informação cessa devido ao anestesiamento infodêmico. Isto acontece porque o aumento da politização do debate científica é acompanhado pela diminuição do interesse pelas informações. Aumentam as figuras estatísticas, dados, gráficos e outras formas de apresentação, porém nada mais sensibiliza as pessoas. As estatísticas de morte e contágio sobem e descem e ninguém mais se importa. Afinal, as pessoas começam a evitar as informações. Por isto, inversamente as informações se tornam mais e mais agressivas para tentar chamar atenção dos internautas.


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Isto indica que passamos de uma situação Falta de Informação, para uma situação Excesso de Informação. Historicamente as pessoas sempre lutaram para ter acesso às informações; porém, agora, as pessoas resistem porque descobriram que a informação é potencialmente nociva. Afinal, as pessoas podem ter acesso a informação numa escala muito maior do antes; além disso, podem produzir e divulgar seus próprios conteúdos. Porém, nem todas as pessoas estão preparadas para processar tanta informação. A sobrecarga de informação é preocupante porque na busca de informações cada vez mais atualizadas acabamos consumindo desinformação.


E, portanto, o abuso on-line continua intenso na poeira cognitiva gerada pela Síndrome do Dedo Nervoso. Por exemplo, curandeiros on-line vendem suplementos milagrosos; agentes da desinformação promovem teorias da conspiração; trolls potencializam a confusão; extremistas aproveitam para promover as agendas de ódio; informações falsas são usadas para gerar engajamento na economia do clic; hackers exploram o medo e a incerteza para instalar malware; e, sobretudo, milhões de pessoas potencializando Informações Tóxicas a partir de uma tentativa bem-intencionada de ajudar seus amigos, familiares e seguidores on-line.


Por isto, a desinformação cresce na lama do medo e da incerteza. A lama é produzida a partir da poeira cognitiva levantada pela plataformas on-line de informação. Por um lado, as plataformas de informação on-line são altamente personalizadas e politizadas; por outro, o ritmo padrão da mídia de atualizações constantes e fragmentadas não é adequado para entender um evento complexos como a COVID-19. O efeito combinado deste processo é que acabamos governados por algoritmos que recompensam as informações extremas e geram ondas de abuso on-line. Este processo acaba desencadeando o processo de sobrecarga de informação.


Neste sentido, existem dois caminhos para conter o efeito paradoxal da informação. Por um lado, as ações adotadas pelas plataformas tecnológicas fornecedoras de informação: a) promover boas informações; b) rebaixar informações ruins; c) impedir que as informações erradas apareçam em primeiro lugar. Por outro, os usuários por meio da técnica PIER (SIFT em inglês) para tratamento das informações: a) Parar; b) Investigar a fonte; c) Encontrar melhor cobertura; d) Rastrear reivindicações. Dito de outra forma, não basta a mídia mudar, os consumidores também precisam mudar. Ou seja, examinar novas informações antes de compartilhá-las.


A única forma de conter a variação entre os extremos (Surto Informacional/Saturação Informacional) é praticar a higiene da informação. O Surto Infodêmico explicitou os defeitos em nossa infraestrutura de informações e o impacto potencial de nossos hábitos on-line. Assim, para conter a Síndrome do Dedo Nervoso é preciso praticar uma higiene na informação: 1) Filtre suas fontes de informação; 2) Identificar os seus padrões de desinformação. Por isto, é preciso saber reconhecer os efeitos das nossas decisões numa postagem infectada. Afinal, nossos hábitos nas mídias sociais têm efeitos dramáticos na propagação da informação.

 
 
 
  • 3 de jun. de 2020
  • 4 min de leitura

Dr M. Mattedi

Universidade Regional de Blumenau

Para a maioria das pessoas viver no Brasil sempre foi um desafio cotidiano. Porém, atualmente, está se tornando insuportável. Além das ameaças de perder a vida ou o emprego, agora somos submetidos também ao risco de diluição das regras democráticas. Assim, a natureza complexa, urgente e dinâmica da crise continua a evoluir e transformar constantemente as condições sociais existentes. Neste sentido, constitui um desafio não somente cognitivo, mas também prático. Por sito, não dá mais para ignorar o sinal vermelho. Afinal, em meio crescimento exponencial de mortes, desemprego e porradas viver no Brasil depende de capacidade de resistir a três ameaças:


a) Curva do Contágio (Crise Sanitária): incapacidade de monitorar adequadamente e agir consistentemente sobre a COVID-19. Por um lado, não conseguimos ainda produzir informações sistemáticas sobre o processo de contágio; por outro, não conseguimos estabelecer uma estratégia de gestão integrada. O Distanciamento Social acabou se tornando insuportável porque foi longo demais, porém não foi rígido o suficiente para controlar a pandemia. O efeito combinado destes dois processos torna a passagem da COVID-19 ainda mais longa e, consequentemente, mais letal.


b) Curva do Desemprego (Crise Econômica): a recusa de organizar a assistência econômica. Assim, por um lado, inconsistência das medidas fez o PIB retroceder 1,5% com relação ao do primeiro trimestre de 2019; por outro, a renda da população entrou em colapso. Por isto, a COVID-19 pode causar além da recessão, uma deflação com a queda da demanda de por bens e serviços não essenciais, devido a diminuição de gastos dos consumidores e empresas. O resultado constitui o inevitável aumento das desigualdades sociais. Sim, porque não há sinal no horizonte de que as coisas podem melhorar.


c) Curva da Polarização (Crise Política): a explicitação autoritária do Governo Bolsonaro. A mistura de negacionismo cognitivo e radicalismo ideológico por parte do Bolsonarismo potencializa as crises sanitária e econômica. A transformação da Polarização Cultural (costumes), para a Polarização Política (ideológica), para a Polarização Institucional (poderes), parece transbordar para as ruas. Na confusão se fortalece o Presidente que está ameaçado em diversas frentes. Afinal, o Presidente precisa da anarquia para aplicar as leis anti-terrorismo e chamar os militares para resolver a situação.


Somos, portanto, prisioneiros do pior dos mundos: não conseguimos controlar a COVID-19, como também não conseguimos ativar a econômica, e ainda corremos o risco de iniciar um ciclo de repressão política. É que para não perder o apoio que resta o Presidente Bolsonaro não pode deixar de radicalizar sua posição; porém, ao radicalizar sua posição aumenta a divisão política, e, assim, dificulta ainda mais a gestão da crise. Neste sentido, acabamos reféns da política de polarização promovida pelo presidente. Por isto, o encontro da Curva do Contágio com a Curva do Desemprego e a Curva da Polarização desencadeia um novo fenômeno: a Curva do Desespero.


A Curva do Desespero denota o aumento da incerteza sobre as condições de vida tanto no curto, quanto no médio e longo prazo no Brasil. Mais precisamente, a conjunção da crise sanitária, econômica e política desencadeia efeitos perversos constantemente. Indica, assim, que o horizonte de previsibilidade foi rebaixado a um nível de acontecimentos diários. Isto significa que não se consegue organizar a vida para além de alguns dias. Como tudo pode acontecer a todo momento é preciso examinar a situação constantemente para saber o que fazer. Consequentemente, a Curva do Desespero exprime a insensibilidade face a tragédia humanitária.

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Assim, nada do que acontece atualmente pode ser descontextualizado da Curva do Desespero. A intensificação do contágio e sua contenção; a intensificação do desemprego e sua redução; intensificação do autoritarismo e sua resistência operam conjuntamente. Se o contágio aumenta, diminui o emprego e aumentam os conflitos; isto significa, inversamente, que para resolver o problema sanitário e econômico, é preciso resolver também o problema político. Afinal, trata-se de uma crise tríplice. Por isto, necessitamos distinguir o que é realmente novo na crise atual, do que constitui características sanitária, econômica e política recorrentes.


O que está em jogo é, portanto, quem pagará a conta da crise tríplice. Mais precisamente, na tragédia humanitária esconde-se a disputa pela definição de quem perde e quem ganha com a crise tríplice. Por um lado, envolve a questão da definição do acesso aos recursos; e, por outro, de garantir o processo de reprodução dos grupos sociais. Trata-se, assim, de uma disputa, ao mesmo tempo, individual e coletiva. Afinal, mobiliza, ao mesmo tempo, os interesses de segurança, consumo e ideológico tanto da pessoa isoladamente quanto de grupos sociais. Neste sentido, deve ser entendida como uma luta pela sobrevivência física, social e política.


O vírus, o desemprego e o Bolsonaro vão matando a esperança de viver. Afinal, agora somos obrigados a lutar contra a COVID-19, a recessão e o autoritarismo. Assim, não se trata mais de saber como a crise surgiu, mas, apenas, de como podemos deter a Curva do Desespero (contágio, empobrecimento e autoritarismo). Isto significa que nossa luta atual é tripla: saúde, renda e liberdade. Por isto, neste momento de forte ansiedade e grandes incertezas é preciso encontrar forças para resistir. Afinal, o que nos resta de segurança, renda, e liberdade vai desaparecendo rapidamente. E só existe uma forma de imunidade contra a Curva do Desespero: Lutar!


A Curva do Desespero indica o estabelecimento de uma crise humanitária. Mais precisamente, indica que estamos vivendo uma emergência, ao mesmo tempo, sanitária, econômica e política. Esta crise desafia tanto o conhecimento existente quanto as fronteiras organizacionais e, sobretudo, a resistência institucional. Não existe forma de reduzir o crescimento da Curva do Contágio e da Curva de Desemprego sem resolver antes a Curva de Polarização. Nossas crises sanitária e econômica são, na verdade, o efeito emergente de uma crise política. Não existe condições de salvar vidas e garantir a subsistência sem neutralizar o Bolsonarismo.


 
 
 
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